sexta-feira, 2 de março de 2012

Mudo todo dia

Mudo todo dia, o dia todo.
Uma constatação óbvia....
O problema é perceber-se mudando...
Não é como a roupa trocada para acompanhar o ritmo dos estilos da moda ou então cortar o cabelo e se sentir outra pessoa....
Essa mudança que falo é quase imperceptível.
Ela sempre acontece de forma tão sutil, que às vezes até nos assustamos quando nos damos conta.
A pessoa que escreveu o último texto não é a mesma que escreve agora. É outra...
E ao mesmo tempo é a mesma....Ainda sou eu, aquela que é ela mesma.
Olhando pra trás, reconheço a minha história, os meus passos, as minhas escolhas....
Algumas vezes não é fácil...
Rio sozinha lembrando determinada cena mas em outras dá muita tristeza...
Tem vezes que sinto tanta raiva.... acho que poderia fazer diferente...
Mas eu não era essa que sou hoje...
Não há nada a perdoar mas também nada temer ou condenar...
Apenas foi....
O modo como me olho hoje é a mudança fundamental...
Agora percebo uma outra cor, uma luminosidade diferente, cheia de nuances e possibilidades...
São outros passos, outras escolhas, outra história pra ser contada...
Um dia, outro dia, amanhece, anoitece, uma pessoa, outra pessoa, um caminho, outra estrada...
O mundo e eu mudo todo dia, o dia todo....

domingo, 15 de maio de 2011

Lado sombrio...

Como a lua tem um lado escuro, minha sombra me aparece...
Nem percebia a sua presença de tão focada que estava no lado iluminado...
Fragmentos esquecidos de mim mesmo,
Soltos que nem farpas ao vento...
Basta um leve sopro e sentimos o seu toque...
Tudo gira ao redor...
O que antes era luz, hoje só breu....
E se dantes negrume, lusco-fusco me aparecem...
Nessa dança de iluminação e sombreamento,
minha alma se encontra num turbilhão de sentimentos...
Por enquanto não há paz, não há sossego, não há alegria, não há direção...
Descendo a estreita escada, perscrutando o fundo do abismo,
Buscando perguntas para respostas mal-formuladas....
Se há medo, não sei...
Apenas não posso voltar atrás...
O passado já escorre pelas minhas mãos,
Não penso no futuro, não preciso pensar...
Por enquanto vivo o presente.

sábado, 26 de março de 2011

Onde estamos nós agora???

Onde estamos nós que ainda não nos encontramos????
Onde nos perdemos nos caminhos que passamos????
Talvez, se tivéssemos esperados alguns instantes ...
Ou se estivessemos mais atentos em algum momento...
Talvez tivéssemos vislumbrados a nossa sombra...
E somente por causa daquele momento fugaz, tivéssemos nos reconhecido....
Será que perdi o momento????
Ou cansei de procurar???Ou o medo ainda me paraliza????
Onde estamos nós agora neste exato instante???
Em que me encontro ensimesmada em mim mesmo...
Fiquei tanto tempo perdida em pensamentos que acho que não vi seu olhar perscrutar o meu....
Talvez você tenha desistido, ou eu tenha desistido por pensar que não é possível a existência de nós...
Não quero completude, pois já sou inteira e talvez, por este exato motivo não percebi você tão perto...
Não me reconheci no seu olhar e você não viu o meu....
Onde estamos nós??? Que lugar é este????
Não me reconheço aqui, nem lá... não sei onde fica, não sei o endereço...
Não me atrevo a procurar, somente meu porto é seguro...
O mar é bravio e eu posso naufragar...
Receio tentar te encontrar, me atirar contra as ondas desse tempo e acabar na praia...
Água e areia me sufocando e enterrando todos os meus sonhos....
Me incomoda ter falsas esperanças, de terra a vista ...
Se eu existo e vc existe, onde estamos nós agora???

domingo, 13 de março de 2011

Encontros...

Acredito que nada é por acaso...
E que qualquer gesto, palavra ou comportamento mínimo que seja pode afetar e modificar tudo o que está à nossa volta naquele instante e repercutirá no futuro.
É muita responsabilidade, não é mesmo???
Já vi isso acontecer várias vezes...
Comigo e também com outros...
Às vezes isso me incomoda, dá medo mesmo...
Entendo quando dizem que precisamos prestar atenção no presente, estar totalmente atento e inteiro no aqui e agora.
É como se tudo fosse pequenos pontos em uma grande rede...
Cada ponto dado pode gerar outros pontos, outros desenhos, outras tramas...
Se um ponto sai frouxo ou mal feito, todo o resto pode ser afetado por isso.
E a beleza ou a feiura do nosso passado pode depender dessas escolhas, dos pontos dados naquele momento.
Cada encontro que acontece durante a nossa caminhada pode gerar outros encontros ou desencontros...
Pode afetar o nosso futuro ou o do outro...
O que nós fizermos, dissermos, olharmos, observarmos, vivermos é um determinado momento pode ter consequências imprevisíveis, para nós ou para outros...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Exterior de um interior

Através da leitura me conheço e reconheço...
Achei algumas pérolas que tomaram meus pensamentos nos últimos tempos.
E por isso compartilho agora:

"... O que eu parecia e mostrava ser - pensei - nunca o havia sido, nem um único minuto da vida. Não o havia sido na escola, nem na universidade, nem no consultório. Será que com os outros acontecia o mesmo? Será que ninguém se reconhece no seu exterior? Será que a imagem refletida lhes parece um cenário de deformações grosseiras? Será que se apercebem com horror de um abismo que se abre entre a percepção que os outros têm deles e a forma como eles se veem? Que a intimidade interior e a intimidade exterior podem se afastar de tal maneira que acaba por tornar-se quase impossível considerá-las como intimidade com o mesmo ser?
A distância em relação aos outros para a qual nos transporta essa consciência torna-se ainda maior quando compreendemos que a nossa imagem exterior não surge aos outros como aos nossos próprios olhos. Não vemos as pessoas como vemos casas, árvores ou estrelas. Vemo-las na expectativa de as encontrarmos de uma determinada maneira, transformando-as, assim, em um pedaço da própria interioridade. A força da imaginação forma-as de maneira que estejam de acordo com os próprios desejos e as próprias esperanças, mas também de um modo a que nelas se confirmem os nossos próprios temores e preconceitos. Na verdade, nem sequer alcançamos os contornos exteriores do outro de maneira segura e imparcial. Ao longo do percurso, o olhar é desviado e turvado por todos os desejos e fantasias que fazem de nós a pessoa especial e insubstituível que somos. Mesmo o exterior de um interior ainda continua sendo um pedaço do nosso mundo interior, sem falar dos pensamentos que produzimos sobre o mundo interior estranho e que são tão inseguros e imprecisos que acabam por revelar mais sobre nós próprios do que sobre o outro. Como é que o homem com o cigarro vê o homem empertigado com o rosto magro, os lábios cheios e um par de óculos de aros dourados num nariz adunco e reto que até a mim parece muito comprido e dominador? E como essa figura se insere na estrutura secreta de suas simpatias e antipatias e na arquitetura restante de sua alma? O que o seu olhar exagera e amplia em minha aparência, e o que ele deixa de fora, como se não existisse? Inevitavelmente será sempre uma imagem distorcida a que o fumante estranho faz da minha imagem reletida, e a sua imagem imaginada do meu mundo de idéias acumulará distorção sobre distorção. E assim acabamos por nos ser duplamente estranhos, pois entre nós não há apenas o mundo externo enganador, como também a miragem que dele surge em cada interioridade."

Trecho extraído do livro "Um trem para Lisboa", de Pascal Mercier.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Noia da Metanoia

Parte I - A insatisfação

Começou como se fosse uma pequena comichão...
Uma coceirinha incomodando....
Não sabia bem o que estava acontecendo.
Uma insatisfação sem uma causa específica.
Não era alguma coisa localizável, identificável...
Apenas me sentia incomodada, ansiosa não sei bem pra quê ou porquê.
Comecei achando que precisava fazer alguma coisa diferente.
Me arriscava em outras atividades mas ainda faltava algo...
Ficava triste pois se falava pra alguém o que estava acontecendo, não era compreendida pois aos olhos dos outros, minha vida era ótima, perfeita, independente, cheia de novidades... morriam de inveja...
Enquanto isso, a comichão ia crescendo dentro do peito...
Crescia tanto que quase me sufocava...
Era pura insatisfação...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Eu Hoje Joguei Tanta Coisa Fora



(Carlos Drummond Andrade)

Não importa onde você parou...
em que momento da vida você cansou...
o que importa é que sempre é possível e necessário"recomeçar".
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...
Chorou muito?
foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
é por que fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
era o indício da tua melhora...
Pois ...agora é hora de reiniciar... de pensar na luz...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso...ou aquele velho desejo de aprender a pintar...
desenhar...dominar o computador... qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio... quanta coisa nova nesse mundo de meu Deus te esperando.
Está se sentindo sozinho? besteira...
tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza...
nem nós mesmos nos suportamos...
ficamos horríveis...
o mal humor vai comendo nosso fígado... até a boca fica amarga.
Recomeçar... hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar? ir alto...
sonhe alto... queira o melhor do melhor...
queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos...
se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos...
se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor...
o melhor vai se instalar na nossa vida.
É hoje o dia da faxina mental...
joga fora tudo que te prende ao passado...
ao mundinho de coisas tristes... fotos...
peças de roupa, papel de bala...
ingressos de cinema bilhetes de viagens...
e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados...
jogue tudo fora...
mas principalmente... esvazie seu coração...
fique pronto para a vida... para um novo amor...
Lembre-se somos apaixonáveis...
somos sempre capazes de amar muitas e muitas
vezes...
afinal de contas...
Nós somos o "Amor"...

PS.: Literalmente: Eu hoje joguei tanta coisa fora... Joguei fora coisas que estavam arquivadas e representavam 20 anos de trabalhos.... Agora sim, me sinto pronta para um novo começo... Novos desafios, novas amizades, novos relacionamentos, novos trabalhos, novos prazeres... Depois da tempestade, finalmente encontro a bonança....
É uma sensação muito boa!!! Estou feliz!!!!