segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Os Sinais


Olho ao meu redor e observo os sinais...

Sinais de todo tipo...

Sinais coloridos ou preto e branco, grandes ou pequenos, escritos ou pintados, escondidos ou divulgados, ....

Fico me perguntando o que eles querem dizer? O que significam?

Não falo do significado raso, aquele convencionado, previsto ou predito.

Falo daquele que ainda não foi revelado, que espera apenas um olhar mais demorado, mais atencioso.

Falo daquele que só se apreende no profundo silêncio da alma.

Quando aquietamos os pensamentos, quando focamos na atenção desperta, quando cessamos o burburinho a que estamos acostumados.

Então, de repente, a mensagem é revelada, é decifrada, é entendida, é compreendida, é reconhecida...

Às vezes os sinais se repetem e ficamos com a sensação de déjà vu ...

Geralmente isso acontece quando não percebemos a mensagem. É mais como um alerta, para nos instigar e chamar a nossa atenção para o que é realmente importante para a nossa vida.

E é engraçado como eles podem vir sob qualquer forma, às vezes numa conversa, num passeio, num e-mail trocado com alguém perto ou com alguém longe, na rua ou em casa, no trabalho, nos documentos, nos livros, no mercado ou farmácia, em qualquer canto ou lugar.

Mas é preciso estar atento, ficar ligado, não se alienar ou distrair, olhar com profundidade para tudo e para todos que estão à nossa volta.

Perceber o que está acontecendo realmente, estar no aqui e no agora, para poder cumprir o destino, para romper o samsara ...

E aí então, finalmente, o divino se fará presente, o sagrado será vivenciado, a realidade será compreendida e a plenitude será alcançada.

Será sinal de iluminação.



sábado, 17 de janeiro de 2009

Juntos e separados...



Ela estava sentada com suas miniaturas. Arrumando, dispondo, retirando, desmanchando o ambiente, o lugar, a sala ou a cozinha...
Ele apenas observava e pensava no despedício de atos, a criticava, pedia atenção, queria a sua atenção, apenas a sua atenção...
Ela se irritava, saia e voltava, estava inquieta, não queria ouví-lo, a sua presença já a esgotava.
Ele insistia na discussão, a arrudiava, a circulava, a prendia, a controlava...
Ela ia e vinha, tentando fugir, tentando se desvencilhar mas já se sentia derrotada.
Queria que a deixasse em paz, em silêncio, mas ao mesmo tempo reconhecia que ele estava certo e ela não lhe dava atenção...
Como conciliar sentimentos tão díspares, tão confusos, tão irritantes?
Dar-lhe atenção seria a sua completa submissão, entrega, remissão...
Será tão ruim assim??? Ou melhor o que é que é ruim nisso???
O tempo passava e a arrumação da casa não acabava....
Ele esperava impaciente, atento às suas reações....
Mitigava os sentimentos de raiva e impaciência, de expectativa e desejo....
Porque tanta resistência? Há razão para isso?
Ela se sufocava, o medo começava a minar-lhe o íntimo...
Qual passarinho em gaiola, ansiava pela liberdade, pela leveza de um breve vôo...
Ele sabia que não podia passar sem ela, que a seguiria para onde ela fosse, que velaria por ela...
Ela sentia aquela presença ao mesmo tempo ameaçadora e acalentadora que a defendia da solidão.
Não estava entendendo nada...
Tinha medo do tédio, do abandono, das coisas jogadas às traças.
Ele da separação, do isolamento, da insensatez...
Ela e ele inseparáveis no seu próprio tormento.
Como sombra um do outro, estariam para sempre juntos e separados...
Talvez um dia, a dualidade finalizasse seus limites e aí então, finalmente, poderiam compreender...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Tempo


Tempo, tempo, tempo...
Essa palavra vem martelando o meu juízo...
Fico lembrando do pedaço da música de Caetano e fazendo as minhas próprias reflexões sobre esse conceito.
Lembro da minha mãe dizendo "Tudo tem seu tempo..." ou "O tempo é o melhor remédio..." ou "Há tempo pra tudo, tempo para semear e tempo para colher..." etc....
Tudo isso são verdades que transformadas em pequenos dizeres nos fazem lembrar de ter paciência e a perceber o que é realmente importante.
A gente se acostuma com a correria, com as horas marcadas, com os compromissos agendados, com o olhar as horas no relógio, com a preocupação em não se atrasar, com a entrega do trabalho no prazo acordado, com o que vamos fazer no final de semana, com o que vai ser no futuro....
Mas invariavelmente nos esquecemos do tempo pra viver....
Simples assim, viver...
Tempo para dar risada, para conversar com os amigos, para ficar em silêncio, para ler um bom livro, para escutar uma música, para cuidar do corpo, para escutar os outros com atenção e sem pressa, para ouvir a nossa própria alma.
A distância está me dando um pouco desse tempo, ou na verdade, agora eu estou percebendo com mais atenção o que estava fazendo com o tempo que Deus me deu...
O importante é saber o que fazer com o tempo que nos foi dado.
E para saber é preciso estar inteiro no nosso presente.
Busco essa consciência, busco essa inteireza, essa plenitude que nos traz uma profunda paz.
Não quero ter mais preocupação com o que vai ser mas não abro mão de construir agora o que minha alma pede...
Não quero ficar pensando no tempo perdido, nas coisas que não deram certo, nos passos errados, nas decisões equivocadas, nas pessoas que se foram...
Sei que tudo foi importante para o meu crescimento e que contribuíram para eu chegar até aqui.
Mas isso está no passado e não importa mais...
Aprendi no Tai chi que se vc pega ou prende, você também está pegado ou preso.
E esse conceito se aplica bem ao tempo.
Se vc se prende às coisas do passado, vc tb está preso nelas e não vai adiante...
E se vc se prende muito às coisas do futuro, não vai poder aproveitar o presente com inteireza, pois nunca vai estar satisfeito, vai sempre pensar que só no futuro será feliz....
Passado, presente e futuro...
Tudo enredado nas portas do tempo
Mas não se fecha as portas do tempo, elas estão sempre abertas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A volta



Já estou aqui do outro lado...

Nessa cidade estranha e ao mesmo tempo tão conhecida.

Vim pelo caminho a observar as ruas, os prédios e o povo...

Sinto que a cidade realmente está tomando outro formato.

Já percebemos sinais de organização urbana no meio do caos que recordo quando da minha primeira vinda a Luanda.

Luanda é assim, cheia de contrastes...

Estamos no meio de um grande canteiro de obras.

A cidade tem pressa de crescer, de se mostrar a grande metrópole da África subsariana....

Vemos gruas por todo lado, operários, caminhões-betoneira subindo e descendo, tapumes e prédios públicos e privados sendo erguidos...

Já vislumbramos outro visual...

Ao mesmo tempo, sentimos o contrate das atitudes, dos comportamentos.

As decisões são morosas, tem um "time" todo próprio e que muitas vezes causam certa irritação...

Já ouvi angolanos dizendo: "não precisa de tanta pressa, isso pode causar stress...."

Nos causa até surpresa mas isso está de acordo com a visão de mundo deles.

Onde tudo tem seu tempo para amadurecer e decidir efetivamente...

Enquanto isso, estou por aqui, de prontidão, à espera, colocando a leitura em dia, conversando com os amigos daqui, à espreita de alguma novidade.

Mas não deixo de sentir saudade da minha terra, do meu povo, da minha família, dos amigos, da minha casa...


sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Novo ano, novo renascer

Primeiro dia útil do novo ano.
Retornar às atividades mundanas, após esses poucos dias de tão merecido descanso.
Olhar agenda, consultar e-mail, telefonar, agendar, consultar, informar, analisar, responder, etc... Começa tudo de novo....
Faz parte do processo da vida.
No meu íntimo me sinto diferente...
Me sinto a despertar...
É como se olhasse as coisas de sempre e a visse com outros olhos.
Como se tirassem o véu e de repente a luz me mostrasse outras cores, outras formas...
Tudo está cheio de novidades e de possibilidades...
Dizem que este ano é regido pelo Sol...
Me sinto com energia, com alegria, com muita disposição!!!!
É verão e tomar sol e banho de mar é tudo de bom!!!
As pessoas ficam mais alegres, de bem com a vida...
Usam roupas coloridas como se fosse para retratar esse estado de espírito multicor.
É tempo de renovação, de renascimento da alma...