Girei a roda...

O que falar da véspera de uma grande viagem?

Da expectativa? Da ansiedade que toma conta da nossa cabeça e do nosso coração?

Como explicar a sensação da proximidade daquela onda que vai te levar para mais adiante?

Como não sentir a tensão do próximo mergulho a um futuro desconhecido?

E aquela excitação com a proximidade da novidade que nos dá um friozinho na barriga?

É muita emoção misturada que não dá para saber o que se está sentindo direito.

Também dá um medo tão grande que tentamos agarrar qualquer fio de esperança ou de certeza que dê um pouco de segurança...

Destino a gente faz, na hora em que a escolha é feita e depois é seguir em frente, não adianta chorar.

Girei a roda da mudança e não sei se fiz certo ou era melhor esperar,

Puxei a alavanca, dei a partida no motor que me transportará para mais adiante,

Mas ainda não tenho certeza se quero ir ou fincar âncoras por aqui...

Já sinto saudades daqueles que terei que deixar e que em breve serão apenas lembranças,

Outros estarão no limbo do esquecimento e certamente não me farão falta.

Meu pecado talvez é antecipar as dores da partida.

Mas que fazer?

Sou assim mesmo, sensível à flor da pele, nos momentos de transição...

Novos rumos me esperam e sei que outros desafios se imporão.

Ainda tenho contas a acertar com o meu passado mas o que importa agora é o agora...

Será um novo ciclo que se inicia? Maybe...

Tudo gira nessa espiral da vida, nessa busca infindável por algo que nem sei...

Anseio tanto pelo sossego de uma parada mas corro o risco da estagnação..

Aí meu espírito se agita, insatisfeito com a rotina e monotonia,

Me lançando em mais um caminho, em mais uma lida...

Não sei se vai dar certo ou se vai dar errado,

Também não quero me preocupar com isso...

Já disseram que o importante é o caminhar.

Este tempo que passei foi extremamente importante e rico de experiências,

Teve altos e baixos, alegrias e tristezas, certezas e desilusões...

Valeu cada segundo!!!!

Levo uma boa bagagem....

Possibilidades...

São tantas as possibilidades dentro dessa nossa vidinha...

Que eu acho que é exatamente esse o grande problema.

Saber escolher entre isso ou aquilo, entre o certo ou errado, entre ser ou não ser.

Eis uma grande questão....

Se falo posso magoar, se não falo posso me magoar...

Se faço posso me dar bem, ou se não faço talvez seja a melhor opção.

Se grito posso acordar alguém mas se calo, sufoco e morro por dentro...

Se ando posso não encontrar alguém, se paro posso perder o trem.

Enfim são tantas as escolhas...

Tem horas que dá vontade de pedir a outro que faça a escolha por nós.

Que nos diga por onde ir, que nos poupe dessa tensão, que nos alivie do peso da indecisão.

Às vezes fico pensando, se eu escolhesse diferente?

Se eu tivesse dito aquilo? Se eu fosse de outro jeito?

Se pudesse voltar no tempo e fazer diferente, o que iria dar?

Mas não importa mais...

Só importa quais são as possibilidades agora, no meu presente.

São as minhas escolhas agora que vão definir o meu futuro e o meu passado.

Dentro de todas as possibilidades que estão ao meu alcance aqui e agora, quais escolho?

Pra onde podem me levar, até onde eu posso enxergar as consequências?

Tudo é possível, nesse mundo de meu Deus, tudo é possível para quem tem fé...

Sinuosos pensamentos...

Sinuosos pensamentos que volteiam em minha mente

Trazendo do fundo do poço, talvez pérolas ou apenas lama.

Andando pelas bordas das memórias mais recentes,

Ou indo mais longe, buscando no bojo das lembranças,

Procuro algumas respostas mas acabo com montes de perguntas.

Mistura de emoções, ora alegres ora tristes

Parece desequílibrio mas faz parte dessa vivência

Medo e saudade se confundem me deixando cheia e vazia.

Não consigo achar água limpa, nesse rio de sentimentos

Para matar a minha sede, para limpar a minha alma.

Enquanto isso, aqui continuo nessa realidade que me apresenta...

Trabalho, para manter a sobrevivência e garantir algum futuro.

Busco a tranquilidade de uma mente aclarada para manter um certo equilíbrio.

Assim consigo caminhar com a cabeça nas alturas mas os pés bem plantadas no chão.

Controlo apenas o essencial porque o invisível escorre pelas minhas mãos.

Ora me sinto em terra, ora me sinto ao mar

Tento navegar buscando os correntes que achar e para onde o vento me levar.

Observo ao meu redor, tantos no mesmo barco....

Alguns a olhar para si mesmos e outros apenas a olhar o mar.

Vejo-me em todos eles e somente o futuro dirá a que porto chegarei.

Quero andar por outras trilhas, sentindo cheiro de mato...

Entrar em algum labirinto, e talvez lá dentro me perder...

Para apenas perceber que, atados ao fio da vida, o monstro ou o herói são apenas dois lados de mim mesmo.