quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Tempo


Tempo, tempo, tempo...
Essa palavra vem martelando o meu juízo...
Fico lembrando do pedaço da música de Caetano e fazendo as minhas próprias reflexões sobre esse conceito.
Lembro da minha mãe dizendo "Tudo tem seu tempo..." ou "O tempo é o melhor remédio..." ou "Há tempo pra tudo, tempo para semear e tempo para colher..." etc....
Tudo isso são verdades que transformadas em pequenos dizeres nos fazem lembrar de ter paciência e a perceber o que é realmente importante.
A gente se acostuma com a correria, com as horas marcadas, com os compromissos agendados, com o olhar as horas no relógio, com a preocupação em não se atrasar, com a entrega do trabalho no prazo acordado, com o que vamos fazer no final de semana, com o que vai ser no futuro....
Mas invariavelmente nos esquecemos do tempo pra viver....
Simples assim, viver...
Tempo para dar risada, para conversar com os amigos, para ficar em silêncio, para ler um bom livro, para escutar uma música, para cuidar do corpo, para escutar os outros com atenção e sem pressa, para ouvir a nossa própria alma.
A distância está me dando um pouco desse tempo, ou na verdade, agora eu estou percebendo com mais atenção o que estava fazendo com o tempo que Deus me deu...
O importante é saber o que fazer com o tempo que nos foi dado.
E para saber é preciso estar inteiro no nosso presente.
Busco essa consciência, busco essa inteireza, essa plenitude que nos traz uma profunda paz.
Não quero ter mais preocupação com o que vai ser mas não abro mão de construir agora o que minha alma pede...
Não quero ficar pensando no tempo perdido, nas coisas que não deram certo, nos passos errados, nas decisões equivocadas, nas pessoas que se foram...
Sei que tudo foi importante para o meu crescimento e que contribuíram para eu chegar até aqui.
Mas isso está no passado e não importa mais...
Aprendi no Tai chi que se vc pega ou prende, você também está pegado ou preso.
E esse conceito se aplica bem ao tempo.
Se vc se prende às coisas do passado, vc tb está preso nelas e não vai adiante...
E se vc se prende muito às coisas do futuro, não vai poder aproveitar o presente com inteireza, pois nunca vai estar satisfeito, vai sempre pensar que só no futuro será feliz....
Passado, presente e futuro...
Tudo enredado nas portas do tempo
Mas não se fecha as portas do tempo, elas estão sempre abertas.

4 comentários:

  1. Querida Marcia,

    Fortunadamente teremos tempo de conviver em Angola, agora também na companhia da pequena Beatriz. Faremos movimento sensorial e introspeccões. Não há forma mais eficaz de viver o presente!

    bj,
    Elsa

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  2. Saí, Senhor,
    Lá fora os homens saíram,
    Iam,
    Vinham,
    Andavam,
    Corriam.
    As bicicletas corriam,
    Os automóveis corriam,
    Os caminhões corriam,
    A rua corria,
    A cidade corria,
    Todo o mundo corria.
    Corriam todos, para não perder tempo:
    Corriam ao encalço do tempo,
    para recuperar o tempo,
    para ganhar tempo.
    Até logo, doutor, desculpe-me – não tenho tempo.
    Passarei outra vez, não posso esperar mais – não tenho
    tempo.
    Termino esta carta – pois não tenho tempo.
    Queria tanto te ajudar – mas não tenho tempo.
    Não posso aceitar, por falta de tempo.
    Não posso refletir, nem ler, ando assoberbado – não
    tenho tempo.
    Gostaria de rezar – mas… eu não tenho tempo.
    Compreendes, Senhor, eles não tem tempo.
    A criança está brincando, não tem tempo agora mesmo…
    mais tarde…
    O estudante tem seus deveres a fazer, não tem tempo…
    mais tarde…
    O universitário tem lá suas aulas, e tanto, tanto trabalho
    que não tem tempo… mais tarde…
    O rapaz pratica esporte, não tem tempo… mais tarde…
    O que casou, há pouco, tem sua casa, deve organizá-la,
    não tem tempo… mais tarde…
    O pai de família tem seus filhos, não tem tempo… mais
    tarde…
    Os avós têm seus netos, não têm tempo… mais tarde…
    Estão doentes. Precisam tratar-se… não têm tempo…
    mais tarde…
    Estão à morte, não têm…
    Tarde demais… não tem mais tempo.
    Assim correm todos os homens atrás do tempo, Senhor.
    Passam correndo pela Terra
    apressados,
    atropelados,
    sobrecarregados,
    enlouquecidos,
    assoberbados,
    Nunca chegam, falta-lhes tempo,
    Apesar de todos os esforços, falta-lhes tempo,
    Falta-lhes mesmo muito tempo.
    Com certeza, Senhor, erraste os cálculos.
    Há um engano geral:
    Horas curtas demais,
    Dias curtos demais,
    Vidas curtas demais.
    Tu que estás fora do tempo, Senhor, sorris ao ver-nos
    assim brigar com ele,
    E sabes o que fases.
    Não te enganas quando distribuis o tempo aos homens,
    A cada um dás o tempo de fazer o que queres que faça.
    Mas é preciso não perder tempo,
    não esbanjar tempo,
    não matar o tempo,
    Pois o tempo é um presente que nos dás.
    Presente perecível,
    Um presente que não se conserva.
    Tenho tempo, Senhor,
    Tenho todo o meu tempo,
    Todo o tempo que me dás,
    Os anos de minha vida,
    Os dias de meus anos,
    Os minutos de meus dias,
    São todos meus.
    Cabe-me preenchê-los
    tranqüilamente,
    calmamente,
    Mas preenchê-los inteirinhos, até a borda,
    Para dá-los a Ti
    – e que, da água sem sabor,
    faças um vinho generoso
    como outrora, em Caná,
    fizeste para as bodas humanas.
    Nesta noite eu não te peço, Senhor, o tempo de fazer
    isto e depois aquilo,
    Peço-te a graça de fazer, conscienciosamente, no tempo
    que me dás, o que queres que eu faça.
    (MICHEL QUOIST)

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  3. Elsa, estou feliz em saber que vais estar aqui tb... E tenho certeza de que será muito bom retomarmos o trabalho de movimentos sensoriais.
    Beijos

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  4. É isso aí....
    Perfeito o texto de Michel...
    Obrigado

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